Urbanização das Urmeiras

Periferia
A reabilitação das áreas habitacionais nas periferias das grandes cidades será uma das principais questões urbanísticas das próximas décadas. A maioria destes conjuntos edificados foram construídos durante o boom imobiliário da década de 90 e, passados 30 anos, atingiram um ponto crítico do seu ciclo de vida. É necessário reabilitar e adaptar estes edifícios e bairros às exigências funcionais e técnicas actuais, transformando-os em espaços mais sustentáveis, acessíveis e inclusivos.

A Urbanização das Urmeiras é um exemplo claro desta forma de fazer cidade característica dos anos 90: um bairro monofuncional com um espaço público quase inexistente e dominado pelo automóvel. A intenção de inserir novos programas neste tecido urbano será determinante para a revitalização do bairro, mas a coesão do tecido social depende da redefinição da actual ideia de espaço público.

Espaço Público
O programa do concurso previa a construção de um equipamento municipal constituído por auditório, refeitório, um centro de saúde e segurança ocupacional e um silo automóvel de apoio aos novos usos.

Propõe-se implantar o auditório à cota do bairro da Quinta das Sapateiras e o refeitório a uma cota intermédia, criando uma “encosta equipada” e libertando a cobertura do novo edifício, ao nível da Urbanização das Urmeiras, para um espaço público com vista desafogada para nascente. A nova encosta assume uma geometria simples e organizadora aumentando a dimensão do espaço público existente e potenciando a relação entre os dois bairros a cotas diferentes.

O centro de saúde é implantado na zona norte da área de intervenção com o espaço de entrada orientado para a nova praça criada à cota mais alta.

As Torres
O programa do concurso previa também a reabilitação de duas torres, devolutas há mais de 15 anos.

Os primeiros 6 pisos das torres são semi-caves, anteriormente destinados a garagens e que se pretende reabilitar e ampliar para acomodar os serviços municipais que a Câmara Municipal de Loures pretende transferir para esta zona da cidade. De forma a contrariar o déficit de iluminação nestes pisos, propõe-se a construção de um jardim de inverno, um espaço com pé-direito triplo, que acumula também a função de espaço de entrada e hall de ligação entre as duas torres. Os serviços municipais funcionam maioritariamente em “open-space”, sendo que os espaços de trabalho ocupam as franjas de espaço junto às janelas e os espaços de serviço e apoio, localizam-se nas zonas mais afastadas das fachadas.

A reabilitação dos pisos superiores destinados a habitação procurou, sempre que possível, capitalizar ao máximo a estrutura existente, propondo apenas pequenas adaptações de forma a melhorar a qualidade espacial e ambiental dos apartamentos existentes.
A principal transformação consiste na introdução, em ambas as torres, de jardins de inverno nas fachadas orientadas para nascente criando um espaço semi-exterior que não só amplia o espaço habitável da casa, mas contribui também para o conforto ambiental criando um espaço de transição térmica entre o interior e exterior.

Após a reabilitação, as duas torres formarão um conjunto edificado com uma imagem renovada e contemporânea, lançando as sementes para a potencial renovação dos restantes edifícios da Urbanização das Urmeiras.

programa: equipamento municipal, silo automóvel, escritórios e habitação colectiva arquitectura: João Fagulha, Raquel Oliveira arquitectura paisagista: Oficina dos Jardins especialidades: David Camões, OhmSor, Blueorizon, SNJP, Alice Cavaco cliente: Município de Loures estimativa: 12.000.000€  área: 19.317m2 localização: Loures, Portugal ano: 2021 fase: concurso 1º prémio